Os níveis de competência do nutricionista podem ter uma relação direta com a Nutrição Comportamental. Você já ouviu falar em SOP e SOPP? Estas são as siglas para Standards of Practice (SOP) e Standards of Professional Performance (SOPP) – ou padrões para prática e para performance profissional no cuidado nutricional.
Para você entender a origem, estas siglas foram criadas pela Academia de Nutrição e Dietética americana, publicadas originalmente em 2003 (incorporadas ao modelo e processo de cuidado)1, revisadas algumas vezes, sendo a última em 20172 . Além disso, há publicações específicas dirigidas à especialidades, como Public Health and Community Nutrition, Diabetes Care, Sports Nutrition, etc) 3-5
Quais as bases para os níveis de competência do nutricionista?
O SOP é composto por 4 padrões consistentes com o processo de cuidado nutricional e fluxo de trabalho para diferentes populações e regiões. E o SOOP coloca padrões que representam 6 domínios de performance profissional, sendo eles:
- qualidade da prática
- competência e prestação de contas
- prestação de serviços
- aplicação da pesquisa
- comunicação e aplicação de conhecimento
- uso e manejo de recursos.
Eles foram criados para promover um cuidado em serviço nutricional seguro, efetivo, eficiente e de qualidade, assim como facilitar as práticas baseadas em evidências e servir como um recurso de avaliação profissional.
Estes standards descrevem 3 níveis de prática ilustrados na imagem deste artigo:
- nutricionista competente
- proficiente
- expert
O modelo de níveis de proficiência foi descrito por Dreyfus em 19866, envolvendo: a) o novato, b) o iniciante avançado, c) o competente, d) o proficiente, e) e o expert – isso durante a aquisição e desenvolvimento de conhecimento e habilidades.
Os primeiros 2 níveis são componentes que precisam de educação didática no caso do novato; e de experiência prática supervisionada no caso do iniciante avançado – que precedem credenciais para a prática de nutrição.
Quando se tem as credenciais profissionais – no contexto Brasil, diploma universitário e CRN ativo – um nutricionista entra na prática no nível competente e maneja o seu desenvolvimento profissional para alcançar suas metas profissionais.
Esse modelo é útil para entender os níveis de prática descritos no SOP e no SOPP.
Os 3 níveis de competência do nutricionista: competente, proficiente e expert
Portanto, na nutrição, quais seriam os níveis de competência do nutricionista?
Primeiramente, o profissional de nível competente é aquele que começou a sua prática depois de ter o seu CRN ou um nutricionista experiente que está transitando de uma área para outra. Uma área de foco na nutrição é definida como uma prática que pede conhecimento específico, habilidades e experiência que se aplicam a todos os níveis de prática. Portanto, um nutricionista competente que tem a suas credenciais e está começando a sua carreira pode oferecer serviços consistentes e seguros usando conhecimento e habilidades apropriados e deve idealmente adquirir mais habilidades e se engajar em educação continuada.
Em segundo lugar, o nutricionista proficiente é aquele que tem geralmente 3 anos ou mais de profissão e prática e que tem oferecido consistentemente um serviço seguro e confiável, que obteve performance operacional e habilidades na sua área. O proficiente demonstra conhecimentos e habilidades adicionais, e experiência numa área específica de nutrição.
Por fim, o profissional no nível expert é aquele que é reconhecido por alcançar os mais altos graus de habilidades e conhecimentos em nutrição. Isso pode ser obtido por meio de avaliação crítica de sua prática e feedback dos outros. Mas o nutricionista nesse nível buscou conhecimentos e experiências adicionais além de treinamento. Sendo assim o expet tem habilidade de rapidamente identificar o que está acontecendo, assim como a capacidade de abordar a situação. Além disso, eles facilmente usam as habilidades de nutrição para ter sucesso demonstrando uma prática de qualidade e liderança, e consideram novas oportunidades para construir sua carreira em Nutrição. Ou seja, um profissional neste nível pode ter um papel de especialista e credenciais extras, e também tem um alto grau de autonomia e responsabilidade.
Qual a relação da Nutrição Comportamental com as competências do nutricionista expert?
Sendo assim, o nutricionista EXPERT é com certeza aquele que foca o comportamento alimentar, indo além do que se come (consumo alimentar) e das prescrições fechadas e dietas restritivas. Ou seja, ele entende que o comportamento tem antecedentes, consequências e diversos determinantes. O profissional expert trabalha com o paciente algumas variantes além de “o que se come”, tais como: onde, como, com quem, com o que, porque se come.
Em conclusão, este profissional entende que o mundo mudou e está em constante transformação, o que inclui mudanças na nossa alimentação, e também na ciência e na carreira da Nutrição. Já percebeu que a faculdade não dá tudo o que precisamos, que é preciso buscar conhecimento complementar, e mais do que isto, é preciso desenvolver habilidades.
Por isso, nosso compromisso como Instituto NC é justamente auxiliar na formação de proficientes e EXPERTS, profissionais que integram conhecimentos das ciências sociais e psicologia às suas bases classicamente biológicas. E assim ampliando o conhecimento de profissionais em temas não ensinados classicamente na graduação, e auxiliando na aquisição de habilidades e competências. É por esta razão que nossa Capacitação em Nutrição Comportamental, nome que adotamos agora para nosso curso online com duração de 1 ano de duração, oferece esta formação teórico-prática, com fundamentação científica da Ciência do Comportamento Alimentar. E também inclui uma preparação para lidar com os modismos e confusões promovidos por não experts. Isso tudo por meio da experiência acumulada de nossos professores, uso de ferramentas, estudos de caso, etc.
Vamos ampliar o número de experts em nossa área!
Autor
Artigo elaborador por Dra. Marle Alvarenga, PhD. Idealizador do Instituto Nutrição Comportamental.
REFERÊNCIAS
- Lacey, K., & Pritchett, E. (2003). Nutrition care process and model: ADA adopts road map to quality care and outcomes management. Journal of the American Dietetic Association, 103(8), 1061-1072.
- Andersen, D., Baird, S., Bates, T., Chapel, D. L., Cline, A. D., Ganesh, S. N., … & McCauley, S. M. (2018). Academy of nutrition and dietetics: Revised 2017 standards of practice in nutrition care and standards of professional performance for registered dietitian nutritionists. Journal of the Academy of Nutrition and Dietetics, 118(1), 132-140.
- Hl, D., & Dreyfus, S. E. (1986). Mind over machine: the power of human intuition and expertise in the era of the computer. New York Free Pr, 1-51.