
Você é feliz, nutricionista? E seu paciente? No trabalho ? Na vida pessoal? Nos tempos atuais, a felicidade é considerada um tema de valor muito precioso e indiscutível. E para nós, do Instituto Nutrição Comportamental, a boa relação com a comida é parte integrante desta busca pela tal felicidade.
E por isso mesmo, convidamos o Dr. Daniel Martinez, psiquiatra, palestrante de nosso congresso e estudioso do tema, para discorrer a respeito em nosso instagram e aqui no blog:
A felicidade está cada vez mais presente na mídia e o número de pesquisas sobre o tema aumentaram muito nos últimos anos., segundo Martinez.
Mas afinal, o que é felicidade, doutor?
A felicidade é uma emoção básica caracterizada por um estado emocional positivo, com sentimentos de bem-estar e de prazer, associados à percepção de sucesso e à compreensão coerente e lúcida do mundo. Uma outra definição muito boa para a felicidade é uma sensação de bem estar interno subjetivo. 📍‼️
👉Porém, muitas vezes o que é felicidade para um, não é para outro, sendo portanto um conceito subjetivo.
Diversos estados emocionais e experiências podem produzir felicidade. Alguns exemplos são: o amor, a alegria, a saúde, a saciedade, o prazer sexual, o contentamento, a segurança e a serenidade. Outros estados emocionais e sentimentos – tais como tristeza, medo, raiva e nojo – além de estados afetivos como ansiedade, angústia, dor e sofrimento, costumam diminuir a felicidade.
Entender o que funciona melhor para você é o primeiro passo para se aproximar e encontrar um nível maior de felicidade.
“Conhece-te a ti mesmo”, como já sacramentava o aforisma grego no Templo de Apolo em Delfos.
E quais são os pontos importantes para a felicidade? E como eles se conectam com a nutrição comportamental?
- Contato social significativo: Como estamos cuidando das nossas relações? Estamos investindo tempo nas pessoas que realmente valem a pena? Como esta nossa conectividade social? Investir em contato social é um dos principais fatores que podem aumentar felicidade. Já a solidão é um fator de risco para diversas patologias. Por isso, na abordagem Nutrição Comportamental damos tanto valor para “como” comemos e com quem comemos.
- Espiritualidade e Felicidade: Um fator que alguns autores consideram e que está moderadamente associado a maiores índices de felicidade é o comprometimento com a fé, seja por meio da religiosidade, seja por meio da espiritualidade. Enquanto a religiosidade pressupõe um sistema organizado de crenças e de práticas ritualísticas, a espiritualidade consiste numa busca pelo significado da vida e pelo estabelecimento de uma relação com o sagrado e o transcendental, sem necessariamente passar pelo desenvolvimento de práticas religiosas ou da participação em uma comunidade. Por isso, o sentido e os símbolos que a comida representa também devem ser levados em conta.
- Rituais que acalmam: temos algum ritual que nos acalma? Por exemplo, fazer um café com calma, ferver a água, colocar o pó, passar a água… Muito diferente de colocar um cápsula na máquina de café expresso por exemplo… Podem ser coisas simples, como cuidar de plantas, cozinhar e apreciar uma refeição com satisfação. Dessa forma, a prática das técncias de nutrição comportamental incentivam esta conexão com todo o entorno da comida, envolvendo os rituais e a prática do cozinhar.
Ser otimista ou pessimista, pode interferir na felicidade ? E na relação com a comida, como Nutrição Comportamental pode contribuir?
Sim. Confira porque de acordo com o conceito do Viés Positivo x Viés Negativo – uma tendência a perceber as coisas de uma maneira distorcida que altera a nossa maneira de pensar.
- O viés negativo (ou viés da negatividade) é a crença de que eventos negativos têm uma maior influência sobre o estado emocional e psicológico de um indivíduo do que os acontecimentos positivos ou neutros.
- Já o viés positivo (ou viés do otimismo) é a tendência humana a ser positivo e esperançoso em vez de realista. A humanidade tem uma tendência a dar mais importância para os eventos negativos que os positivos. E neste sentido, incentivamos o não julgamento do comer, a busca por maior flexibilidade e uma visão esperançosa.
👉A autora Barbara Fredrickson resume muito bem isto com esta frase: “As emoções negativas gritam, as emoções positivas sussurram”.
Por exemplo, sentir um pouco de alegria com seu cônjuge, não é nada para o relacionamento diário, agora sentir um pouco de nojo ou aversão tem um impacto muito maior.
As emoções positivas são mais frequentes que as emoções negativas, por isso precisamos fazer um esforço ativo para reconhecê-las e valorizá-las. Ou seja, não devemos ignorar os acontecimentos ruins das nossas vidas, mas também não devemos ignorar as coisas boas que acontecem sempre conosco.
Como praticar a positividade ou o otimismo para ser mais feliz?
🧡 Um exercício para treinarmos o nosso viés positivo é fazer o diário de gratidão ou diário de coisas boas. Anotar 3 a 5 coisas boas que ocorreram no seu dia e o porquê elas foram boas, diariamente antes de deitar. Podemos fazer uma analogia a um pote. Não é remover os conteúdos negativos de dentro do pote, e sim adicionar conteúdo positivo dentro do mesmo, diluindo o conteúdo do recipiente.
O que a psicologia positiva tem a ver com isto?
✅ Psicologia Positiva e Felicidade: A psicologia positiva tem o conceito de “florescer”, cunhado por um dos pais da psicologia positiva, Martin Seligman, este conceito sugere que 5 aspectos são encontrados em pessoas muito felizes e devem ser estimulados para promover um bem-estar interno subjetivo e aumentar o bem-estar.
O Modelo PERMAV: Emoções Positivas (P), Engajamento (E), Relacionamentos saudáveis (R), Propósito de Vida (M – Meaning), e Realização – (Accomplishment A) e Vitalidade (Vitality). Ter esses pontos em mente pode ajudar a melhorarmos o nosso bem estar interno e melhorar a nossa qualidade de vida.
Vamos praticar?
Autoria:
Daniel Martinez – Médico Psiquiatra pela FMUSP; Título de Especialista em Psiquiatria pela Associação Brasileira de Psiquiatria e International Fellow pela American Psychiatric Association. Membro da European Psychiatric Association, da Associação Brasileira de Psiquiatria, da Associação Brasileira de Psicologia Positiva e do American College of Lifestyle Medicine. Faz parte do Corpo Clinico do Hospital Israelita Albert Einstein.