Você, leitor, acha que o papel do Nutricionista está na educação ou aconselhamento?
Na semana passada nós subimos o vídeo em nosso canal de YouTube de uma palestra da professora Ana Maria Cervato-Mancuso, autoridade nacional em educação alimentar e nutricional. Na palestra ela destaca a responsabilidade de sermos educadores em alimentação e nutrição. Nele importa o individuo, o sistema alimentar, relacionamento com as pessoas e sociedade.
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Voltamos a temática aqui neste texto para convidá-los a ler também o capítulo do qual ela é co-autora, juntamente com a professora Rosa Vanda Diez-Garcia, e Elisabeta Recine (1) sobre educação nutricional versus aconselhamento, o que foi publicado em nosso novo livro: Nutrição Comportamental: ciência, prática clínica e comunicação (Manole, 2022).
Neste capítulo essas autoridades no tema destacam que muitas pessoas confundem o foco do aconselhamento e da educação alimentar e nutricional, e que muitas das estratégias que são abraçadas pelo aconselhamento, que são também as que usamos e adotamos na Abordagem Nutrição Comportamental (como terapia cognitivo-comportamental, entrevista motivacional, comer intuitivo, mindful eating, etc) não são estratégias clássicas pra educação alimentar e nutricional (EAN). O conteúdo de EAN se insere no contexto de políticas públicas na área de saúde coletiva educação nutricional, e as autoras defendem que EAN e Aconselhamento Nutricional sejam duas disciplinas distintas nos currículos de nutrição, com a “necessidade de demarcações teóricas e práticas na formação do nutricionista e no entendimento do que é essencial para a sua prática profissional em cada um desses campos”.
Recomendamos a leitura completa do texto, mas destacamos, de qualquer forma, que a Abordagem Nutrição Comportamental (NC), como temos repetido em várias comunicações, não é sinônimo dos modelos, teorias e ferramentas que adotamos. A abordagem NC tem missão, premissas, pilares próprios (publicados em nosso livro Nutrição Comportamental. 2° ed ampliada e revisada. São Paulo: Manole, 2019).
A abordagem NC objetiva um atendimento mais horizontal, que promove autonomia, com a participação ativa do sujeito para mudança de comportamento, sem prescrições restritivas fechadas, sem modismos, sem autoridade vertical do profissional “que tudo sabe”. Neste sentido sim, a Abordagem Nutrição Comportamental pode ser incorporada em programas de educação alimentar e nutricional, mas isso não significa que o uso dos modelos e estratégias já aqui mencionados, sejam adequados para todos esses programas.
Conheça mais sobre nosso novo livro em Nutrição Comportamental, ele não é uma nova edição e sim um novo livro, com novas temáticas relacionadas à Nutrição Comportamental, como neurociência, imagem corporal, psicanálise, ser um terapeuta nutricional – veja mais aqui.
Referências:
Rosa Wanda Diez-Garcia; Ana Maria Cervato-Mancuso; Elisabetta Recine. Aconselhamento e educação alimentar e nutricional: diferentes escopos de conteúdos e práticas. IN: Alvarenga M (org). Nutrição Comportamental: ciência, prática clínica e comunicação. São Paulo: Manole, 2022.