Entender o impacto do Covid-19 no atendimento nutricional pode te ajudar a criar novos caminhos, para você e para seu paciente.
O colapso da saúde e da economia trazem uma situação complexa para os consultórios dos nutricionistas, fato! E também paradoxal.
De um lado, as pesquisas globais indicam que as pessoas buscam mais autocuidado, por meio de uma alimentação que traga saúde física e mental*. Por outro, temos um aumento de 9% na venda de salgadinhos** no Brasil. E 37% dos nutricionistas do canal de Telegram do Instituto NC apontam, em uma enquete recente, que os seus pacientes querem opções de alimentos mais baratas e práticas.
Sendo assim, apesar do desejo de estar mais saudável, parece que o isolamento, as poucas fontes de prazer e a redução de renda têm distanciado as pessoas do nutricionista, justo neste momento em que nós, nutricionistas, somos ainda mais necessários. Portanto, como podemos ser os facilitadores para resolver este embate do impacto do Covid-19 no atendimento nutricional?
A Nutrição comportamental pode ajudar você, nutricionista, neste impacto do Covid-19 no atendimento nutricional. Veja como:
Para iniciar, acreditamos que comida pode ser uma ferramenta de autocuidado, pode também oferecer conforto, boas memórias e unir as pessoas ao seu redor. Entretanto, o paciente precisa saber lidar com suas emoções, sem a comida, identificando o “comer emocional”, ou seja, quando a comida está funcionando como um tampão para seus sentimentos.
E para isso bem sabemos que o tradicional formato de “primeira consulta + retorno” não dá conta de trabalhar estas questões de mudança do comportamento alimentar. Este deve ser um processo que inclui uma sequência de consultas (ou sessões), ou um programa, ou projeto para a alimentação do paciente.
No entanto, isso pode gerar um custo ainda maior para o paciente, certo? Sim. Por isso, é importante termos flexibilidade no formato e mais otimização destas sessões nutricionais, além de investir em um marketing digital que seja ético e moderno.
Confira algumas ideias para você trabalhar este impacto do Covid-19 no atendimento nutricional:
- Agendar consultas online semanais com um custo mensal para o paciente, por exemplo, em que o total mensal seja o valor de 2 consultas. Mas não configurar consulta e retorno, pois todas são consultas!
- Trabalhar as consultas nos moldes comerciais que funcionam as sessões de terapia, em que o paciente tem o compromisso e precisa avisar antes ou pagará pela sessão;
- Otimizar as sessões de menor custo e maior frequência, em sessões com duração de 40 minutos;
- Inovar com programas nutricionais, com duração de 2 a 3 meses, adaptáveis a cada paciente, que encantam pelas temáticas sugeridas e vão de encontro ao desejo de autocuidado, mas não se tornam engessados;
- Convidar seus pacientes anteriores para um bate papo sobre assuntos atuais, como por exemplo: nutrição e saúde mental e econômica, o comer emocional, etc. E nesta ocasião, ao final, apresentar sua forma de atendimento atual;
- Estar presente nas redes sociais de forma realista e de encontro a estas dores do paciente: mentais, emocionais e econômicas. E não esqueça de também mostrar, nestas redes, os diferenciais do seu trabalho e como ele funciona;
- Manter envios de e-mails ou WhatsApp com conteúdos interessantes e úteis para este momento atual. Claro, ao final, também apresente seu trabalho.
Como introduzir um diálogo e estratégias sobre custo da alimentação quando o foco é mudança de comportamento alimentar?
Para a mudança de comportamento alimentar acontecer, o paciente precisa ter metas possíveis que caibam no seu tempo e bolso. Por isso, em um país que vive o auge da sua crise econômica, não podemos negligenciar este questionamento e adaptação do plano alimentar com sugestões mais econômicas.
Mesmo aqueles que amam filé mignon ou pratos veganos mais caros estão repensando o orçamento, buscando fornecedores locais, procurando ajudar o vizinho que produz marmita, enfim economizando. É nossa função ajudá-lo neste processo. E a tão desejada praticidade pode ser mudada do salgadinho para ideias criativas e baratas.
De forma prática, como trabalhar estas estratégias de custo para atenuar este impacto do Covid-19 no atendimento nutricional
Para isso, estar antenado nos movimentos de mercado pode fazer a diferença. Confira algumas iniciativas que podem ajudar o seu paciente na busca por praticidade e economia:
- EATS FOR YOU: um app que permite você comprar de marmiteiros que cozinham em casa, na maioria famílias que cozinham para completar ou fazer a renda!
- FORNECEDORES LOCAIS: em geral ir à feira ou supermercados pode ser trocado por uma compra de um fornecedor menor que entregue em casa itens da estação. Em geral, as cestas podem sair mais caras. E por mais que o orgânico tenha seus benefícios, vai depender do preço, o paciente aderir ou não.
- SUSTENTABILIDADE NAS ESCOLHAS: além de sugerir frutas, legumes e hortaliças da estação, que são mais econômicas e ajudam o solo, podemos ajudá-los a utilizar de forma inteligente e saborosa, aquele frango ou legume que sobrou de ontem, a comprar e cozinhar outras partes do boi, além do filé mignon, a plantar algumas ervas que perfumam as receitas, etc.
- A FRUTA IMPERFEITA: empresa que vende online frutas que em geral seriam desperdiçadas por não serem perfeitas! 😉 Nós aqui do Instituto Nutricional adoramos a subjetividade desta empresa e o seu propósito, pois adoramos imperfeições naturais do mundo 😉
- Este item aqui é com você: o que você poderia acrescentar e deixar de novidade para o seu colega de profissão?
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AUTOR:
Cynthia Antonaccio, nutricionista MD, empresária, Idealizadora da Nutrição Comportamental no Brasil e sócia do Instituto NC.
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REFERÊNCIAS:
*Dados do Relatório Mintel 2021.
** Pesquisa feita pela CRITEO durante a segunda semana de abril de 2020.