Você, nutricionista, já começou a introduzir novas práticas como a meditação e a autocompaixão para enriquecer o seu atendimento nutricional?
Talvez você já tenha ouvido falar em compaixão. Mas provavelmente não é a mesma compaixão que vamos falar aqui. Não estou me referindo ao conceito espiritual associado a cultos religiosos e que pode ser facilmente confundido com “dó” ou “piedade”.E sim me refiro à uma prática, uma habilidade.
O que é a prática da compaixão ?
A compaixão é uma habilidade inata – e que vem sendo cada vez mais estudada pela ciência – de nos conectarmos com o sofrimento e podermos agir na tentativa de minimizá-lo ou mesmo saná-lo. Adicional a isto, o melhor de tudo é que apesar de inata, essa habilidade pode ser treinada e cultivada.
De forma simples, compaixão é a habilidade que permite nos conectarmos com o sofrimento alheio e o desejo que surge em querer ajudar.
Como me disse uma vez uma professora de meditação, compaixão = empatia + ação.
E a habilidade da autocompaixão, como podemos definir?
A autocompaixão pode ser definida como essa mesma habilidade da compaixão direcionada a nós mesmos. É a possibilidade de reconhecermos nossos momentos de sofrimento e nos tratarmos da forma mais gentil possível, com o objetivo de reduzir a dor (física ou psíquica) pela qual estamos passando.
E não se confunda: ser gentil consigo mesmo não significa somente “ser bonzinho” e se acolher; gentileza é também validar e aceitar as próprias emoções, se autoencorajar. E também de estabelecer limites e ir em busca daquilo que faz sentido para si mesmo, ir em busca de objetivos e metas que estejam conectados com seus valores de vida.
Provavelmente você já deve ter percebido que o autoconhecimento é parte fundamental deste processo.
O que os estudos científicos falam sobre a prática da autocompaixão?
Estudos científicos já apontam uma série de benefícios do cultivo da autocompaixão em contextos clínicos, tanto para o paciente quanto para o profissional. São eles:
- maior resiliência emocional;
- aumento da motivação para mudança;
- melhora da imagem corporal;
- proteção contra burnout.
Como exercitar a prática da autocompaixão?
A forma mais eficaz é praticar a meditação. Existem inclusive práticas e protocolos específicos para o cultivo dessa habilidade, como o programa Mindful Self Compassion desenvolvido pelos psicólogos americanos Kristin Neff e Christopher Germer.
O livro “A ciência da meditação”, dos autores Daniel Goleman e Richard Davidson, trazem estudos que relacionam um total de sete horas de prática de meditação de compaixão, ao longo de duas semanas, com o aumento da conectividade em circuitos cerebrais relacionados à empatia e a emoções positivas.
E você, já meditou hoje?
Depois deste texto, talvez você queira aprender e começar a praticar. E, claro, trazer isso para o seu atendimento nutricional.
Autor:
Nutricionista Ana Carolina Costa.
Professora do Curso Mindful Eating do Instituto Nutrição Comportamental