Quais são as razões que levam você a se movimentar mais? Será que exercício e prazer combinam? Toda ação acontece impulsionada por uma razão, e é essa a reflexão que a abordagem “Exercício Intuitivo” junto com a Nutrição Comportamental estão interessados em compreender.
Ao observar pessoas que faziam exercícios físicos, mas que estavam sofrendo de doenças classificadas como psiquiátricas, pude notar que o exercício e o prazer nem sempre combinam.
Isso porque os pensamentos angustiantes ou “conteúdos mentais” que acompanham o momento de exercício de algumas dessas pessoas envolve: peso corporal, medo de engordar, medo de ficar doente, desejo de queimar as calorias, desejo de compensar o que “comeu errado”, objetivos obsessivos pela estética, preocupação sobre o quanto o músculo está crescendo ou quanto de gordura o corpo possui.
Neste sentido, além de zelarmos pela quantidade de atividade física que faz bem à saúde nestes pacientes, houve também o interesse em ajuda-los a fazer novas escolhas sobre os tipos de “conteúdos mentais”, ou melhor, de pensamentos que poderiam impulsionar esta prática.
Como mudar para ampliar a relação exercício e prazer?
Para tanto, o primeiro passo foi ressignificar o conceito de saúde. A definição de saúde como bem-estar físico, mental e social não parece mais ser o suficiente para o nível de complexidade atingido pela nossa sociedade contemporânea. Se faz necessário então dissociar saúde de beleza, de estética e de corpo com muscularidade definida. Sendo assim, a busca por uma saúde multidimensional é a razão de se exercitar escolhida pela abordagem #exerciciointuitivo.
Na dimensão do físico temos o corpo, nossos sistemas que funcionam de forma integrada e coesa para nos manter vivos. A dimensão mental nos permite pensar, raciocinar, planejar, organizar os pensamentos, as ideias, nos conscientizar, trabalhar, nos ocupar, e por aí vai. A dimensão emocional que constitui os sentimentos – alegria, tristeza, amor, raiva, medo, coragem enfim – ter um corpo que possa se expressar e manejar emoções. A dimensão social inclui os familiares, amigos, colegas, podemos até incluir o que está no nosso entorno, as condições de moradia, do asfalto da rua, ciclofaixa, parques, a segurança do nosso bairro. E porque não: os animais de estimação? Eles também exercem impactos na nossa saúde. Na dimensão espiritual já temos estudos que comprovam a ligação da fé e da religiosidade com a saúde. A confiança de que existe algo maior nutre a fé, que por sua vez auxilia muitos nos momentos de doença. Podemos citar também a dimensão financeira. Sim, afinal, sem dinheiro não realizamos muito numa sociedade em que está cada vez mais consumista e economicamente endividada. Ter problema nessa dimensão certamente afeta a saúde também.
O que mais importa na relação exercício e prazer ?
E podemos olhar para mais dimensões ainda. O fato é que todas estão interligadas. Quando uma não está bem, as outras podem sofrer, talvez em graus diferentes. A depender de algumas características peculiares de cada ser humano, como resiliência e altruísmo, uma dimensão pode não interferir tanto na outra. Basta vermos como exemplo, as pessoas que não tem saúde financeira, mas que tem saúde emocional, pois não perdem o bom-humor e o otimismo mesmo em situações precárias de moradia; ou ainda aquelas que estão muito bem de saúde financeira, mas não tem boa saúde mental. E tem também aqueles que estão cheios de saúde física (e financeira), porém sofrem com problemas de ordem emocional.
Enobrecer, resgatar valores éticos e humanos, reestabelecer uma conexão de harmonia com o seu corpo e, consequentemente, com o seu entorno podem ser razões para se exercitar. Se exercitar para obter mais satisfação com a vida, ter mais entusiasmo no seu dia, revigorar-se das situações estressantes do trabalho, ter um momento mais alegre e gentil com você mesmo, são razões que podem levar você a se exercitar de forma mais engajada e duradoura porque seu exercício não será um momento de punição, e sim, um momento de autocuidado, integração e de atenção plena ao seu corpo. Se quiser saber na prática como vivenciar tudo isso, venha conhecer a abordagem @exerciciointuitivo. Uma abordagem inspirada na teoria do Comer Intuitivo, desenvolvida por Evelyn Tribole e Elyse Resche, que estimulam a prática de uma nutrição mais gentil, bem como uma prática de exercícios que faz a gente sentir na hora a diferença.
E assim, seguimos mais uma vez juntos, Nutrição e Educação física, horando a história de duas especialidades que podem se complementar muito, de forma ética e responsável, se profissionais genuinamente interessados se unirem para fazer a diferença na vida das pessoas.
Autor:
Paula Teixeira, professora do Instituto Nutrição Comportamental e idealizadora do Exercício Intuitivo.
Referencias
TEIXEIRA, P. C. Estratégias do exercício intuitivo na Nutrição Comportamental. In: ALVARENGA, M. S. et al. (Orgs.). Nutrição comportamental. 2a ed. Barueri: Manole, 2019. p. 505-523.
TRIBOLE, E.; RESCH, E. Intuitive eating: A revolutionary program that works. Fourth Edition. New York: ST. Martin’s Griffin, 2020. (primeira edição publicada em 1995).
Teixeira PC, Portella CG. Transtornos alimentares e atividade física. In: ALVARENGA, M. S. et al. (Orgs.). Transtornos alimentares e nutrição: da prevenção ao tratamento. Barueri: Manole; 2020. p. 263-292.